Tradição
Doceiras do Beco têm queda de 90% nas vendas
Esperança está depositada em uma nova mudança de local, dessa vez para a 7 de Setembro, após o término das obras do Calçadão
Jô Folha -
O movimento das doceiras da travessa Ismael Soares caiu 90% desde que saíram do calçadão da rua Andrade Neves, há um ano. O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Fernando Estima, confirma que elas irão para a rua 7 de Setembro, mas a transferência de local depende do término das obras de requalificação do Calçadão.
"Tem pessoas que não sabem que estamos nesse local", reclama a doceira Sônia Regina Clasen, ao se referir à travessa Ismael Soares, um dos becos situados do lado da Bibliotheca Pública Pelotense. Ela também se queixa da prefeitura por não proporcionar nenhuma atração para chamar o público, como decoração de Natal. O pouco de enfeite, diz, é iniciativa das próprias doceiras.
Conforme Sônia, quando foram deslocadas do calçadão da Andrade Neves (entre a Marechal Floriano e a Lobo da Costa) havia a promessa de que a área teria atrações, decoração de Natal e segurança, o que não ocorreu. "Colocaram um arco de ferro e nós que decoramos depois", fala. Com a queda nas vendas, o desânimo entre as 12 doceiras que se revezam mensalmente para ocupar as seis bancas é geral.
Proprietário de uma das unidades, José Carlos Costa afirma que está quase fechando as portas. "Venho trabalhando no vermelho há horas", reclama, ao confirmar a queda de 90% na comercialização dos produtos. A vendedora autônoma Zênia Rodrigues, 62, costuma aparecer de vez em quando para comprar doces, mas considera que a mudança para a rua 7 de Setembro, junto com o artesanato, irá melhorar para o grupo por se tratar de um lugar com muito movimento.
Para Estima, as doceiras reclamam bastante e com razão, pois tiveram o privilégio de ficar no Calçadão durante muitos anos. Porém, estavam na frente de um prédio particular, hoje ocupado, e por isso não poderiam permanecer lá. "Perderam muito movimento mesmo, mas estamos tratando de pessoas que optaram por comércio de rua", ressalta. Segundo ele, a 7 de Setembro deverá ser o melhor local que já tiveram.
As obras no calçadão da Andrade Neves, de acordo com o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Morales, iniciadas em 20 de março, em princípio não estão atrasadas e devem obedecer o cronograma inicial, a ser cumprido em 18 meses após o começo dos trabalhos. Na travessa Ismael Soares as doceiras dividem o espaço com um chaveiro, um relojeiro e uma lancheria.
Projeto para ocupação dos becos
A revitalização e a ocupação dos dois becos, cujas denominações são rua Conde Piratiny (do lado da Bibliotheca) e travessa Ismael Soares (das doceiras), fazem parte do projeto que prevê o paisagismo da praça Coronel Pedro Osório e o embutimento da fiação elétrica do Centro Histórico que, conforme a Secretaria de Cultura (Secult), é a parte mais cara das obras.
O projeto foi interrompido por falta de repasse de recursos. A praça ficou muito tempo cercada com telas, até a prefeitura desistir de esperar e retirar o material. Duas semanas atrás o governo federal anunciou o desbloqueio de recursos das obras paradas, entre elas a da Coronel Pedro Osório. São R$ 9 milhões empenhados e a Secult já ajustou o projeto e enviou à Caixa Econômica Federal, informa o secretário Giorgio Ronna.
É aguardado o aval da instituição para licitar a retomada dos trabalhos. Os dois becos serão transformados em Beco da Cultura (do lado da Bibliotheca) e Beco de Doces e Frutas, espaço com ocupação ainda não definida, mas que deverá ser voltada à tradição doceira da cidade. O Beco da Cultura receberá mobiliário para a realização de eventos.
O itinerário das doceiras ao longo do tempo
Iniciaram as atividades na rua 7 de Setembro - depois foram para a praça Coronel Pedro Osório - Mercado Central - calçadão da Andrade Neves (por 18 anos) - travessa Ismael Soares.
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